quarta-feira, 15 de setembro de 2010

SEMINÁRIO-CIÊNCIAS DA NATUREZA E MATEMÁRICA-PROFª RAQUEL USEVICIUS RAHN

Matemática

Ler, escrever e compreender a matemática, ao invés de tropeçar nos símbolos.

As experiências do aluno em relação à matemática podem parecer, negatividade em relação à mesma, ou ainda na minoria dos casos positividade onde o verdadeiro sentido de aprender matemática foi transmitido de forma significativa.
A matemática tem que ser trabalhada de forma vinculada a realidade do cotidiano do aluno porque faz parte da vida de todo ser humano independente de cultura, etnia ou condição social. Ela não pode ser utilizada como instrumento discriminatório, mas sim como linguagem universal, que evidencia sua importância na nossa comunicação e para que possamos compreender o mundo em que vivemos. A matemática possui códigos e linguagens e um sistema de representação construído ao longo de sua história, e está presente em grande parte das áreas do conhecimento. Apesar de toda esta interdisciplinaridade ela é ensinada na escola de forma difícil e fracassada.
Muitos alunos abandonam a escola, e outros quando chegam a um nível superior de ensino, muitas vezes não sabem os conteúdos elementares de matemática. Para compreender matemática é preciso fazer uma leitura de mundo, e o professor precisa ajudar seu aluno nesta leitura servindo como agente deste processo, buscando o verdadeiro significado presente no cotidiano reconhecendo as expectativas e habilidades de seus alunos ajudando-os a reconhecê-las e ampliando-as para que o mesmo possa superar dificuldades de aprendizagem.
A matemática não pode ter uma concepção apenas dedutiva, mas precisa agir como um processo de construção de conhecimentos que valorize seus conceitos e seja entendida como linguagem. Ela tem que ser aprendida e praticada em diferentes contextos para que a criança utilize a linguagem simbólica e desenvolva as noções matemáticas através de uma linguagem natural e não somente através de códigos e escritos, mas em suas diferentes expressões: oral, escrita e visual.
A disciplina deve ser ensinada de modo que seja significativa para os alunos, e para isso é necessário que os profissionais da educação tenham clareza de fazer relações com a realidade da criança com a matemática, ou seja, que as informações teóricas possam ser aplicadas no cotidiano dos alunos de forma prática e prazerosa.
Quando a criança chega na escola, ela não sabe ler e escrever, apenas falar. Nesse contexto, a criança se depara com os símbolos matemáticos e não consegue fazer uma compreensão completa, pois é apresentado à ela linguagem simbólica da matemática, não oportunizando ao aluno que desenvolva uma linguagem natural da mesma.
A linguagem natural são formas descritivas que substituem alguns termos da matemática evidenciada pela complexidade dos símbolos. É importante salientar que os problemas de aprendizagem de matemática como meio de comunicação não são os mesmo da aprendizagem da língua materna, ou seja, quando a criança começa a aprender a falar, pois a matemática não se adquire de maneira natural, ela não é utilizada constantemente e precisa ser apreendida e aplicada em diversos contextos e situações.
Os alunos em geral tem muita dificuldade de representar e entender os símbolos matemáticos, estejam estes alunos cursando o ensino das séries iniciais ou das séries finais. Especialistas, professores e alunos concordam que o momento mais crítico de dificuldade de aprendizagem é quando as letras começam a aparecer e/ou substituir os números.
Quando o simbolismo álgebro se insere no ensino da matemática, há um desconforto geral entre os educandos, e nesse contexto, muitas dúvidas aparecem.
Se por um lado a álgebra se apresenta como um simplificador e facilitador de tarefas matemáticas, por outro, o simbolismo é difícil de ser compreendido, assimilado e de ser utilizado.
É possível observar que a forma álgebra tem seguido o conteúdo algébrico, e o uso de letras na matemática tem evoluído desde a não-utilização de letras para o uso de palavras, chegando ao uso abreviado de palavras e uso de letras simbolizando incógnitas e constantes.
A linguagem álgebra tem especificidades tanto na aritmética quanto na linguagem natural, e pode identificar pelo seu próprio código, e dessa forma se tornar compreensível. A álgebra não se constitui apenas de conteúdos, nela estão contidos também os métodos, as notações e o simbolismo algébrico que estão ligados ao conteúdo.
Para o sucesso de aprendizagem e que ela tenha significado real para os alunos, faz-se necessário que o professor tenha um conhecimento prévio do que os alunos já trazem de conhecimentos de anos anteriores ou mesmo de seu cotidiano, e que faça relações concretas dos conteúdos que serão trabalhados.
Os profissionais da educação não devem apenas se concentrar em corrigir cálculos e constatar resultados incorretos, mas sim preocupar-se em analisar estratégias de solução de problemas, bem como tentar fazer de maneira satisfatória, que o aluno realmente entenda o que está sendo trabalhado e o que isso significa para sua vida.
A matemática não pode mais ser trabalha de forma mecanicista, dando importância à memorização. Obviamente que os conteúdos precisam ser devidamente trabalhados em sala de aula, mas é indispensável que o professor tenha como princípio básico uma matemática significativa para a vida dos alunos, de forma que eles aprendam e assimilem corretamente os novos conhecimentos.
Na prática pedagógica, faz-se necessário que os professores tenham como objetivo básico que sejam trabalhados as diferentes expressões da linguagem de desenvolvimento dos conceitos, noções e pensamento do educando. A matemática, só terá significado para o aluno se a língua materna for utilizada de maneira certa, já que a informação matemática chega, na maioria dos casos, pela linguagem oral ou gráfica.
A aprendizagem da matemática com sentido, e não apenas decorada e/ou memorizada, entra na vida do aluno de forma que ele não esqueça mais o que aprendeu. Quando o educando consegue fazer relações da matemática aprendida na escola com o que observa em sua vida, no seu cotidiano, ela se torna significativa, e assim o processo de aprendizagem se dá de forma natural e espontâneo, resultando em alunos com mais vontade e prazer de freqüentar as aulas de matemática.
Leitura e Escrita na matemática
A matemática tem que ser realmente entendida no que se refere ao seu conteúdo ou a sua linguagem. Ela não pode ser vista como algo que não se pode decifrar e gerar medo e insegurança. Atualmente se reconhece a importância da matemática para uma leitura de mundo e para uma melhor compreensão de desenvolvimentos tecnológicos e obtenção de sucesso nos sistemas educacionais.
No entanto apesar da matemática ser tão importante na vida de todos os indivíduos, ela é considerada uma disciplina de difícil entendimento, e os símbolos que aparecem em sua linguagem impede muitas pessoas de compreenderam o conteúdo escrito. Neste sentido duas soluções podem ser apresentadas; Primeiro: Explicar e escrever em linguagem usual os resultados matemáticos; Segundo: Ajudar as pessoas a dominarem as ferramentas da leitura, ou seja: a compreenderem o significado dos símbolos, sinais e notações. Porém, esta leitura não deve ser mecânica ou memorizada, mas que sirva para compreender o que está sendo expresso pela linguagem e construir a partir dessa compreensão práticas e apropriações da realidade. Mas, para compreenderem-se cada um desses aspectos da realidade é preciso que se tenha uma intencionalidade. Ou seja, para compreender a realidade que a matemática introduz, é preciso que aja uma intenção especial.
Atualmente existem três tipos de diferentes tendências dentro da matemática conduzidas pelas correntes filosóficas: O Logicismo, o Intuicismo e o Formalismo, que são resultados de contradições teóricas verificadas ao longo do tempo, das divergências de opiniões a respeito do que é matemática, qual seu objeto de estudo, qual o peso da intuição e qual o procedimento ideal para a construção de tal conhecimento. Apesar disso, o resultado dos pensamentos matemáticos tem dado excelentes contribuições à sociedade destacando-se a utilidade para as outras ciências e para o desenvolvimento tecnológico.
O conhecimento matemático deve contribuir para que o indivíduo tenha uma melhor compreensão da sua realidade. Interagindo com as formas específicas de cada ciência, para proceder à análise de seu mundo, ele torna-se cada vez mais um pesquisador e um cientista.
“O conhecimento não existe para si, mas para a prática dos homens”. (Kopnin, 1978, p. 309).
Portanto, o ensino da matemática deve criar condições para que o sujeito reconheça sua capacidade de construir conhecimento e proceder continuamente como pesquisador.



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